domingo, 14 de janeiro de 2024

Antropoceno ou Plantationceno? O que define nosso futuro incerto?

Fonte: foto de Octavio Weber Neto, Vila Guarani/SP, 2008.

O atual período geológico histórico do planeta, definido e aceito cientificamente em 2019, que denomina este momento da humanidade em que estamos vivendo ou sobrevivendo, é identificado como Antropoceno. Esta Era, coloca as ações antrópicas como ao centro das mudanças biogeoquímicas e climáticas mundiais e que definem o rumo do planeta Terra para os próximos séculos. 

Porém, uma discussão que gera uma nova e importante problematização deste conceito é a de que esta definição, de forma curiosa e polêmica, não sinaliza e destaca que são as escolhas advindas do modelo econômico neoliberal e capitalista é que estão acabando com o nosso futuro comum e colocando em risco, em especial, a nossa existência humana, diante das demais vidas não humanas. Não seria exatamente a humanidade o centro das grandes mudanças do clima e do planeta, mas sim suas escolhas de consumo insustentáveis, sua visão de imediatismo e desconexão cega dos sistemas da Natureza.

Este senso crítico e valioso, enfatiza que na verdade o que nos coloca em uma rota de colisão, em um rumo de extinção da humanidade e de algumas outras vidas não humanas mais frágeis e próximas de nós, é esta visão colonial, imperialista, hegemônica e egoísta de consumismo sem limites, de desconexão com as demais vidas do planeta e de escolhas que se baseiam no conceito de monoculturas...

Este período em que estamos, é portanto considerado e percebido como Plantationceno, na verdade, vindo do conceito de "plantation", de monoculturas do agronegócio insustentável e não do agronegócio sustentável da floresta em pé, ou dos sistemas de agrofloresta. Pois, ao contrário do Antropoceno, ele coloca o modelo econômico dominante como sendo o centro das ameaças ao futuro do planeta. Evidenciando assim, que esta visão monocromática, nada diversa, dá manutenção para a monocultura de saberes, de plantas, de animais, de modelos de vida e de visões de futuro...Isso que está minando nosso futuro comum.

Fica aqui esta reflexão e sugestão de olharmos em nosso território, nosso bairro, nosso quintal, nossos parques, praças, calçadas e jardins e buscarmos plantar mais verde, mais diversidade, mais árvores nativas, frutíferas brasileiras principalmente, revegetarmos as cidades para reduzirmos a poluição do ar, roubarmos gás carbônico e gases de efeito estufa da atmosfera, termos mais companheiras de vida e não apenas mais sombras, mais ar fresco, menos ondas de calor, menos alagamentos, menos raios, mais qualidade de vida, mais nascentes, mais espaços verdes de saúde e zonas de escape e descompressão, valorizando e protegendo estes espaços, após tudo o que vivemos na pandemia de Covid,de isolamento social, de perda da saúde e ganhamos mais percepção sobre não estarmos sozinhos no mundo.

Vale a pena resistir, insistir em evoluir e buscar semear e plantar o verde em cada fresta e ruptura do asfalto, do concreto, nas calçadas e em meio ao cinza das cidades e suas ruínas de abandonos e falta de empatia e cuidado com o outro, para plantar futuro, romper esta impermeabilidade urbana, com raízes e rizomas de humanidade, de resistência e existência por dias melhores sempre!

Ainda dá tempo de mudarmos parte do futuro da humanidade para melhor, mas temos que agir a partir de coisas simples e possíveis. E as árvores são a maior e melhor tecnologia da Natureza para nos ajudarem!!!

#verdeurbano #ecologiaurbana
#areasverdesparatodos

Referências:
Guzzo, M.; Taddei, E., 2020.
Parra, H., 2020.
Tsing, A. 2015.
Haraway, D., 2021.

 

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