sábado, 17 de janeiro de 2009

Campo Belo: Quando estudar um bairro é mapeá-lo socioambientalmente!


CAMPO BELO: MONOGRAFIA DE UM BAIRRO
Quem ainda não leu uma monografia de bairro e não percebeu que pesquisas e estudos que focam a historiografia de uma região específica, acabam por realizar uma das tarefas mais valiosas da investigação socioambiental?
Mapear a história, a geografia, a ecologia, a sociologia, antropologia e economia local, sua comunidade e registrar por entrevistas e fotos, documentos e mapas, resgates de memória e levantamentos iconográficos valiosíssimos, como os feitos pela historiadora Maria Aparecida Lacerda Duarte Weber e pelo genealogista Sérgio Weber, nesta obra que exemplifica como a educação ambiental, que é transversal e interdisciplinar, pode valer-se de trabalhos assim, para melhor estruturar, ações como a Agenda 21 local (do pedaço)!
A Triângulo (OSCIP) de Santo André-SP, que atua em ações na comunidade local e na Capital com a reciclagem de óleo de cozinha, produção de sabão ecológico e educação socioambiental também com sua revista informativa "Ambiente Urbano", a qual já comtempla uma seção que destaca a história de bairros paulistanos, valorizando esta abordagem reveladora da vida urbana.
As ecovilas, os ecomuseus (que são bairros vivos e tombados) e as vilas históricas já são provas de que não dá mais para ficarmos parados e deixarmos o passado de uma comunidade no esquecimento, pois se isso ocorre, a ecologia urbana local se perde junto com a identidade do bairro.
A especulação imobiliária irresponsável, quando se apropria de informações sobre a história dos bairros, costuma deformar a realidade local em detrimento de interesses mercantilistas, que geralmente matam a verdade e percepção local, perturbam a harmonia e desrespeitam a história da região.
Assim, como já mencionei em outro artigo sobre os "Biomapas", conhecer e preservar a memória dos bairros será a grande contribuição para o entendimento da dinâmica da ecologia urbana e humana e suporte para o planejamento da cidades do presente.
Foto: (Capa do livro) Campo Belo: monografia de um bairro - 2007 - Ed. Estação Liberdade - SP.

domingo, 11 de janeiro de 2009

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA: GASTE E ADQUIRA SEU LATIM...

Caros amigos, quem ainda não conferiu o Museu da Língua Portuguesa - Estação da Luz, valerá sempre a pena ir visitar e mergulhar nas raízes de nossa querida e belíssima língua portuguesa, curtir nosso idioma brasileiro, seus dialetos, história, origens e deliciar-se com um espetáculo pelo mundo silencioso e profundo das palavras, penetre no reino das palavras...

É um passeio gostoso, fácil de chegar, principalmente por ser anexo à estação do metrô Luz que já é por si só uma arquitetura belíssima inglesa, histórica e agregar tantos lugares interessantes tão próximos e parte de nossa cultura local, pois lá temos a estação de trens Santos-Jundiaí histórica, a FATEC, a Pinacoteca, o Museu de Artes Sacras de São Paulo e o famoso e centenário Parque da Luz (que D. Pedro II fundou), com programas de educação ambiental urbana, tudo isso do ladinho do Museu da Língua Portuguesa!

Para os amantes de nossa língua e literatura, bem como os mais curiosos em conhecer o por quê de tantas palavras, significados e origens linguísticas (sem tanto desgaste ortográfico como andam emprobecendo nossa língua...) lá é lugar privilegiado para isso!

Aos Biólogos, historiadores, antropólogos e cientistas pode ser incrível descobrir ou relembrar palavras indígenas, árabes, latinas...presentes no dia-a-dia, em nomes de utensílios, alimentos, atitudes e seres vivos e que muitas vezes tem sua raiz desconhecida, ou seu significado e uso sem tanto valor cultural, por desconhecermos a força daquela palavra...Confira quando for!

Saiba mais: http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/
De terça a domingo e feriados, das 10h às 17h.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

CINEMA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL[1]


A Arte-Educação e a Educação Ambiental nas salas de cinema neste início do século XXI, por meio de películas cinematográficas, que logo viram DVDs disseminados pelo mundo todo, trazem cada vez mais presente a temática sócio-ambiental entremeada, de modo sutil, aberto e mesmo acessível à linguagem infanto-juvenil, ainda que, a princípio, os adultos é que captam, supostamente, mais imediatamente as mensagens e reflexões experimentadas nas cenas e metáforas áudios-visuais deste cativante e já carismático estilo de produção do cinema por animação digital.
Podemos perceber uma nova tendência em destituir atores reais e trabalhados para atender a um público exigente como as crianças e aos cinéfilos da ficção, começa a ser substituído por astros virtuais, perfeitos e virtuosos. Estes personagens são criados e lapidados com características e personalidades marcantes do universo social humano, como pessoas, animais, ou mesmo seres fictícios e mitológicos, que tem as variações essenciais de comportamento e caráter já raros no mundo globalizado. Além da perda de identidades e tradições culturais, que formam os ingredientes mágicos para detonar uma nova dimensão de questionamentos sobre a ética, a moral, a sociabilidade, a cidadania, a dignidade, o espírito de solidariedade e vida em comunidade, o equilíbrio e harmonia com o ambiente e o outro, incluindo nuances de convivência e respeito às diversidades sócio-culturais.
Assim, aqui, apenas gostaria de destacar e analisar preliminarmente este segmento do cinema contemporâneo infanto-juvenil e propor um olhar atento a este produto, não apenas como um sucesso de vendas e de bilheterias bilionárias de produtoras de cinema dos Estados Unidos, mas abordar o quão é privilegiada a ação multiplicadora em educação sócio-ambiental deste formato que nasce do cinema atual voltado aos pequeninos.
Foi no Brasil, o primeiro filme realizado com os primórdios desta técnica de animação digital, com o filme “Cassiopéia” produzido no país pela NDR Filmes Produções Ltda. e criação e direção de Clóvis Vieira, (1996), colorido e totalmente nacional, com personagens geométricos, fictícios e numa linguagem futurista e com mensagem voltada às crianças, marcou o início do que seria a febre nas poltronas das salas de cinema do Brasil e do mundo!

Ficha TécnicaTítulo Original: CassiopéiaGênero: AnimaçãoTempo de Duração: 80 minutosAno de Lançamento (Brasil): 1996Site Oficial: http://www.adorocinemabrasileiro.com.br/filmes/cassiopeia/cassiopeia.asp Estúdio: NDR Filmes Produções Ltda. Distribuição: PlayArteDireção: Clóvis Vieira Roteiro: Clóvis Vieira, Aloísio de Castro, José Feliciano e Robin Geld Produção: Nello de RossiMúsica: Vicente SálviaEdição: Marc de RossiElenco (Vozes) Osmar Prado (Leonardo) Jonas Mello (Comandante Shadowseat)Marcelo Campos (Chip)Cassius Romero (Chop)Fábio Moura (Feel)Hermes Barolli (Thot)Rosa Maria Barolli (Liza)Élcio Sodré (Capitão)Flávio Dias (Imediato)Ézio Ramos (Conselheiro)Francisco Bretãs (Robô)Carlos Silveira (Engenheiro)Aldo César (Comandante intergalático) Cecília Lemos (Voz ambiente) SinopseAtenéia é um planeta pacífico, localizado na constelação de Cassiopéia, cujos habitantes vivem em perfeita harmonia. A situação muda quando invasores atacam o planeta, na intenção de drenar toda sua energia vital. Desesperada, a princesa Lisa envia sinais de socorro pelo espaço. Chip e Chop recebem o pedido e, com a ajuda de Galileu e Leonardo, partem para salvar Atenéia. PôstersImagensCuriosidades- Foi o 1º desenho animado de longa-metragem 100% digital lançado na história do cinema.- A produção de Cassiopéia teve início em janeiro de 1992, com a criação da história e o modelamento dos ambientes e dos personagens. Em 1993 teve início o trabalho de animação, concluído em agosto de 1995. A trilha sonora foi completada em dezembro de 1995 e a 1ª cópia do filme ficou pronta em janeiro de 1996.- É a estréia de Clóvis Vieira como diretor de longa-metragens. - Os personagens Liza e Leonardo receberam estes nomes em homenagem a Leonardo Da Vinci e sua obra mais famosa, a Monalisa.- A 1ª exibição pública de Cassiopéia foi realizada em 1º de abril de 1996, na cidade de São Paulo.

Quem não se lembra dos filmes de desenho animado ou mesmo os primeiros efeitos em 3D produzidos pela indústria cinematográfica nacional? Os filmes infantis como os de Maurício de Souza e a Turma da Mônica ou pequenas produções e curtas para comerciais, que já arriscavam criar ou incrementar famosos personagens brasileiros e provar do que somos capazes nesta arte! Nosso orgulho hoje é termos alguém como o brasileiro, Carlos Saldanha, na equipe de co-produção, direção e criação da Fox, pai de personagens com a humorada preguiça e o persistente esquilo de Era do Gelo (2001) “Ice Age”.
No início da primeira década do século XXI, a partir de 2001, inicia-se uma verdadeira “odisséia” ao futurismo da animação computadorizada e na era digital em estado sólido, dos DVDs e das telas de cristal líquido (LCDs) de alta resolução de imagem, sem falar nos sistemas de áudio dobli estéreo digital de alta resolução de som, despontam memoráveis e inesquecíveis obras primas como “AntZ” (FormiguinhaZ) ou Formiguinha “Z”, da Disney (2001), cor, 100min., lembrando que estas produções chegam sempre com um ano de atraso, em média, ao Brasil, mas que atualmente isso vem encurtando no tempo, em questão de meses, mesmo na chegada da obra em DVD, logo após um trimestre em média ao filme sair de cartaz no grande circuito no país, já está nas lojas e locadoras, eternizando a mensagem de cada obra e estimulando colecionares deste estilo.
FormiguinhaZ, o enredo que se passa num formigueiro de saúvas, se trata de uma animação até que simplificada, perto das mais recentes técnicas digitais, mas em seu conteúdo, provoca uma reflexão interessante quanto ao destino automatizado das formigas pela ação dos feromônios advindos da rainha, mesclando realidade e ciência com ficção por meio de revolucionárias provocações quanto a genética (verdadeiramente existem formigas de gen “Z”, altruístas) e manipulação social dos indivíduos, o espírito de sociedade, o “ser diferente” e o querer “mudar a situação” de uma realidade pré-existente. Isso nos faz pensar que os filmes infanto-juvenis deste novo século não mais subestimam a criança e mais, promovem nas entrelinhas, outras formas de ver a realidade do mundo dos adultos. Seria esta a intenção dos roteiristas, diretores e produtores da atualidade?
Bem, esta é uma das perguntas que poderíamos investigar, até mesmo para iniciarmos uma pesquisa mais acadêmica sobre este tema.
Mas, acredito que o mais interessante será apresentar uma forma de analisar e identificarmos o potencial educativo e educador de alguns filmes.
Um caminho seria perceber quais buscam abordar direta ou indiretamente questões de cunho sócio-ambiental. Outro, seria que ainda poderiam ser usados como ferramenta de incentivo, no âmbito escolar e cultural, desvinculados de filtros céticos e exigências pedagógicas que evitam apoiarem-se no cotidiano, para então auxiliar e fortalecer a eco pedagogia, bem como serem também entendidos como estratégia mitigadora, que promove educação ambiental e de modo lúdico, denuncia e pontua os erros, crimes e impactos ambientais mais recentes, causados pelo ser humano.
Um exemplo de apropriação desta temática do “eco-filme”, seria elaborarmos um conjunto de atividades que se utilizem do filme assistido, para dele tirarmos reflexões, questionamentos subliminares, pensarmos em jogos e oficinas que trabalhem os conteúdos percebidos ou não pela criança, nas cenas, transformando-os em vivências. Um outro exemplo é
Ainda em 2001 somos presenteados com “Bugs Life” (Vida de Inseto), na mesma época que vivíamos a apreensiva situação anunciada do “Bug do Milênio”, a histórica e esperada insegurança da virada de século e previsões de pane na informática mundial, surge um casamento feliz na academia de cinema, o da Pixar com a Disney. Uma animação em cor, 95min. De Andrew Stanton, que mostra com perfeição e show de técnicas digitais de encher os olhos de qualquer biólogo, com direito até à arroz (fogos) de artifícios ao final, apesar da humanização também, como em Formiguinhaz, dos personagens insetos, que aparecem só com dois pares de patas (onde deveriam ter três biologicamente), no caso das formigas apenas, que recebem o maior destaque devido à ênfase da mensagem de trabalho em equipe, as diferenças entre os grupos animais, a cadeia ecológica, o reforço de que a união faz a força de uma comunidade, inclusive no meio natural.
“Ice Age” I e II (Era do Gelo), 2001 e 2003, respectivamente, com co-direção de Carlos Saldanha do Brasil e roteiro de Michael Berg dos EUA, Fox, 81min., cor. Uma saga que mereceu a primeira dobradinha, neste estilo cinematográfico, pela tamanha façanha de brincar com tema atualíssimo por trazer à era glacial, os êxodos reais da fauna de milhares de anos atrás no planeta versus o “aquecimento global”, as mudanças climáticas mais a carência da convivência e respeito entre o homem e as demais espécies, mas tudo contado de modo sutil, engraçado e reforçando a mensagem de união, solidariedade, amizade, perdão e fidelidade.
Em “Finding Nemo” (2002), Disney e Pixar, cor, 100min. (Procurando Nemo) com roteiro e direção de Andrew Stanton, busca-se como um colírio para os olhos de qualquer um, ainda mais aos amantes da vida e biologia marinha, trazer toda cor e perfeição do ambiente oceânico, com a participação especial do filho de Jean Jacques Cousteau, Michael Cousteau, referência em oceanografia e náutica, que junto com personagens incríveis e cenários paradisíacos, mostra verdadeiras aulas de ecologia e zoologia, além de toda a trama bem bolada e coerente sobre biodiversidade, cooperação, ecologia, amor, família e valores sociais.
Nemo, é um personagem marcante e perfeito na sua mensagem de ser pai e ter um ideal de perseverar e sobreviver, como na vida real.

“KAENA – A Profecia”, um filme da Xilam Films e Studiocanal-Groupe TVA Inc. (Paris), 2003. Livre, 88 minutos, color. Direção de Chris Delaporte e roteiro de Tarik Hamdine e C. Delaporte, com músicas de Farid Russian, com vozes de Kirsten Dunst, Anjelica huston e Richard Harris, destaca uma jovem, Kaena, ousada em desafiar as crenças ancestrais de seu povo para salvar seu planeta Axis, onde uma árvore gigantesca tem em seu interior uma vila cujos moradores assistem assustados a morte da imensa planta, imploram por deuses ajudarem, mas na da acontece até que esta garota rebelde, resolve com sua energia adolescente, fazer uma arriscada viagem além das nuvens acima da copa desta árvore e descobrir o mistério que ameaça a extinção de seu povo e desta planta, descobrindo uma força diabólica nas entranhas de Axis. O filme mostra a garra dos jovens, a determinação, um mundo de sonhos, parcerias, amizades e o romper de tabus para crescer e solucionar o que nos ameaça. A ficção sempre nos reporta à realidades que desconhecemos, por nunca pararmos para pensar sobre elas!
“KIRIKU” também é outra boa proposta de filme francês e desenho de animação que com delicadeza, cores, boa música e roteiro que traz o folclore africano, o costume e crenças tribais do universo infantil, nas suas lendas que promovem a percepção de o quanto tamanho não é documento, pois o personagem pequenino Kiriku, é o herói de sua aldeia e a saga de aventurar-se a preservar a natureza e sua gente, recomendado!

Em breve, continuo esta sessão de comentários e indicações de vídeos e filmes que versam sobre temas educacionais e transversais, passando pela biologia e educação socioambiental...!


[1] Octávio Weber Neto – Biólogo graduado pela Universidade Mackenzie - FCEE e Educador Socioambiental pós-graduado pela Faculdade de Saúde Pública da USP e Técnico do SESC SP.

REFLEXÕES SOBRE BICICLETAS VOADORAS


Vale aqui lembrar do outro lado menos falado nesta história sobre investirmos e acreditarmos no sonho da convivência entre bicicletas-carros-motos-pedestres, que os mais observadores e críticos, moradores da Capital e até ex-ciclistas urbanos, buscam discutir com merecido destaque e direito de reflexões. Estamos no caminho certo?...


"Alertam: Do que vale democratizar e incentivar o uso de bicicletas, se estas não respeitarem as leis de trânsito, assim como as motos e CARROS? "


Sem dúvida os carros imperam, nada quase se discute sobre esta hegemonia sedutora e polêmica - Afinal, os carros também não respeitam os demais veículos e as motos então? (sem generalizar). É uma briga de forças, classes e poderes.


Veículos são e sempre serão uma proposta de consumo de conforto, poder, rapidez e status, mas e as bicicletas? Como acreditar que uma cidade que investe em segurança e medidas de tráfego para veículos que se comportam de modo previsível, com sinalização, semáforos e fiscais e pensarmos na inclusão de veículos imprevisíveis no seu deslocamento e de porte mais frágil e menos recursos seguros como são as motos e bicicletas?


Uma ideia não pode ser esquecida: As ruas e vias são um espaço público, logo todos tem direito de uso e circulação - direito de ir e vir...


Mas todos os direitos tem deveres que nem todos estão acostumados a cumprir...! Ainda mais numa Megalópole!


Bem, até aqui pode parecer que se trata de uma apologia à sociedade dos automóveis...

Mas, vamos refletir sem vacinas anti-críticas, com muita imparcialidade e ética, nos permitir pensar os dois lados desta questão socioambiental urbana e usarmos nossas inteligências múltiplas: As bicicletas e motos, são percebidas e vistas como veículos oficiais, com placas, impostos, fiscalização e regras de circulação segura? Ricos e pobres as usam em iguais condições e acessórios? Usam para lazer, esporte ou para deslocar-se ao trabalho? Cobra-se direitos para consumí-la ou para dela se deslocarem??...

Pois é, ai que mora um dos nós da questão. Sem políticas públicas que, ao analisarem viabilidades de propostas e projetos, normas e responsabilidades, de fato incluam-nas ( e seus proprietários) no sistema de transportes, caso contrário, nunca serão oficiais, assim nunca serão aceitas também...[usando um raciocínio capitalista]

Acredito que as bicicletas são como os camelôs, na atual sociedade, como estão muito fora do sitema, são alternativas demais, que acabam marginalizadas por elas mesmas, uma vez que não cumprem (na maioria) as regras dos demais veículos...

Outro ponto é o custo social disto! São acessíveis, ecológicas (não poluem), mas não são seguras no atual modelo de uso e apropriação das vias de trânsito urbano pelos carros. O usuário de bicicletas e motos é o mais exposto ao risco de morte nas cidades, em comparação ao mesmo uso no meio rural e litorâneo, onde o estilo de vida menos agitado e menor número de veículos e pessoas nas vias, permite uma situação mais segura e saudável, guardando as devidas proporções e casos...Investimos nesta educação e conscientização?

Quanto a cobrança por ciclofaixas e ciclovias ou motofaixas...percebe-se na Capital que é um sonho, mas não é analisado por viabilidades sociais, apenas ambientais e isto pode ser um erro!

Pois, socialmente o custo-benefício ainda nos mostra que os transportes alternativos não conseguem suprir o volume de usuários das metrópoles, reforçando que são apenas alternativas, mas não a solução, que são visivelmente os transportes coletivos de massa, como os trens e metrôs a melhor saída para as grandes cidades conurbadas...

Vimos e ainda não aprendemos, que modelos importados, como corredores de ônibus e ciclovias funcionam em cidades com menor densidade populacional e topografias mais planas...Logo, copiarmos modelos sem refletirmos na sociedade local, estaremos sempre cometendo equívocos!

Mas valem muito as ações propositivas e críticas neste debate aberto, pois sem dúvida as bicicletas são um recurso saudável, que pode potencializar pequenas distâncias seguras, em determinadas regiões e ainda mais para lazer e em raros casos para o trabalho, no caso das grandes cidades como São Paulo, é baixa a viabilidade e segurança, sem que mudemos a matriz de transporte urbano.

Existem coletivos de arte-educadores e ciclistas no Rio de Janeiro que até provocam a refletirmos com projetos e intervenções, quando sugerem ciclovias aéreas, como elevados (minhocões) só para bicicletas...uma viagem, um devaneio, mas que nos põem a pensarmos que a escolha por carros nos levou a inviabilizarmos outras escolhas...bicicletas ainda não voam...!

Para finalizar este artigo, mas não fechar o debate, vale lembrar também que a grande questão ecológica que estamos vivendo, tem sua origem no excesso populacional, que nos fez pragas de nossa própria existência! O planejamento urbano, familiar, educacional, político e econômico são as ferramentas mestras para sairmos desta fase de crise planetária e urbana!
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Foto: Octávio Weber Neto/Bicicleta banner SESC, na ação do Dia Sem Carro (set/2008).