domingo, 6 de março de 2011

GEN INÚTIL...EVOLUÇÃO CASUAL DO CONHECIMENTO: Arte, Ciência e Criação!


Artes Visuais...O que isso pode ter a ver com ciência, evolução e criatividade no meio cultural?


A transversalidade do conhecimento a favor da criatividade. Quanto mais pudermos ser observadores de todas as áreas, mais detalhes simbólicos, mais informações temporariamente e aparentemente inúteis podem nos ser riquíssimas no processo criativo e na inventividade de nossas criações e elaborações humanas.
Parece-me mesmo, que precisamos nos libertar de amarras metodológicas, preconceitos e padrões mentais viciados, para de fato alcançarmos a fruição da arte e o prazer da criatividade, para assim chegar-se ao ineditismo e inovação!
Precisou Lamark e Wallace, no século XIX, serem pioneiros, muitas vezes esquecidos e desvalorizados, por proporem teorias inicialmente absurdas da evolução pelo uso e deuso, pela adaptabiliade do corpo aos desafios ambientais, para darem pistas e abrirem caminho para outros observadores contemporâneos com Charles Darwin, aprimorar e debruçar-se por todos os lugares do planeta que pudesse encontrar respostas às perguntas levantadas por seus colegas, que levaram-no a parcialmente finalizar a teoria da seleção natural das espécies, a teoria da evolução e especiação, onde o isolamento pode promover novas espécies e os mais aptos sobrevivem e seus gens assim são perpetuados...Biológica e ecologicamente, percebemos que a natureza nos revela que a evolução surge de modo casual, por experimentação de acertos e erros, a partir de gens que podem ser úteis em algum momento, mas que tudo depende de uma oportunidade para que determinada característica evolutiva seja vantajosa ou não.
A teoria do criacionismo divino, é colocada em questão justamente por ser limitada e reducionista. O caos universal, a casualidade e evolução do cosmo nos aponta que é perfeita justamente por não depender de um criador o tempo todo, mas depender da criatividade do acaso para ser perfeita e única!
Esta grande metáfora, nos valerá para muitas reflexões sobre como é valioso estarmos abertos a conhecer um pouco de tudo, sermos bons observadores, interdisciplinares e atentos a transversalidade de temas e conceitos, pois isso é a essência da criatividade e da criação universal. Tudo ocorre de modo casual, não-linear, isso parece levar a resultados felizes, inéditos e inesperados na natureza.
Recentemente estive em uma palestra sobre o tema "Processo Criativo" em Artes Visuais com o pesquisador britânico, residente no Brasil (RJ), Charles Watson, de humor escocês, ele nos faz pensar por meio da biologia, da evolução e da ciência náutica, que inclusive é construtor de veleiros por lazer e vale-se deste recorte observador e detalhista para provocar as pessoas quanto ao processo de criar. Em suas metáforas pouco comuns, ele mostra esta importânica que tem quando somos observadores, curiosos nos pequenos detalhes que podem ser num primeiro momento inúteis, mas que podem se tornar o diferencial para a criatividade em geral. "Gens inúteis hoje, podem ser fator determinante de sobrevivência no futuro..."
Assim, sugere que nas artes de modo geral, o que falta hoje são pessoas que ousem, que façam a diferença justamente por não estarem fazendo algo obrigatoriamente utilitário, que tenha sentido imediato...pois futuramente a proposta poderá ter sentido em outro contexto...deve-se permitir a fruição da arte...cada um tem sua leitura sobre cada obra...isso é a riqueza, somada a criadores que busquem mais detalhes, que pesquisem a diversidade de possibilidades...isso é a evolução da arte...não linear, não utilitarista...apenas um gen inútil que pode talvez contribuir para o todo da evolução casual humana...
A mediação na educação informal e não-formal e formação de públicos, nas artes e na cultura de modo geral é essencial para que o público-observador e o artista-criador, troquem impressões, sensações e reflexões com a verdadeira fruição da arte, sem que haja abordagens pré-definidas, e que tenham conceitualmente um sentido e razão evidentes. A evolução das artes visuais, das mídias e de toda produção cultural deste segmento, dependem de modo vital, da evolução casual e não intensional do processo criativo que se encontra vivo nas ruas, nos ateliês, nos subúrbios e periferias, nas comunidades ditas primitivas...no olhar das crianças...na educomunicação, nos ensaios e laboratórios, nas ousadas curadorias...e não exatamente na comercialização da arte, que sufoca a criação e massifica a intensionalidade da arte!

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