quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

REFLEXÕES SOBRE BICICLETAS VOADORAS


Vale aqui lembrar do outro lado menos falado nesta história sobre investirmos e acreditarmos no sonho da convivência entre bicicletas-carros-motos-pedestres, que os mais observadores e críticos, moradores da Capital e até ex-ciclistas urbanos, buscam discutir com merecido destaque e direito de reflexões. Estamos no caminho certo?...


"Alertam: Do que vale democratizar e incentivar o uso de bicicletas, se estas não respeitarem as leis de trânsito, assim como as motos e CARROS? "


Sem dúvida os carros imperam, nada quase se discute sobre esta hegemonia sedutora e polêmica - Afinal, os carros também não respeitam os demais veículos e as motos então? (sem generalizar). É uma briga de forças, classes e poderes.


Veículos são e sempre serão uma proposta de consumo de conforto, poder, rapidez e status, mas e as bicicletas? Como acreditar que uma cidade que investe em segurança e medidas de tráfego para veículos que se comportam de modo previsível, com sinalização, semáforos e fiscais e pensarmos na inclusão de veículos imprevisíveis no seu deslocamento e de porte mais frágil e menos recursos seguros como são as motos e bicicletas?


Uma ideia não pode ser esquecida: As ruas e vias são um espaço público, logo todos tem direito de uso e circulação - direito de ir e vir...


Mas todos os direitos tem deveres que nem todos estão acostumados a cumprir...! Ainda mais numa Megalópole!


Bem, até aqui pode parecer que se trata de uma apologia à sociedade dos automóveis...

Mas, vamos refletir sem vacinas anti-críticas, com muita imparcialidade e ética, nos permitir pensar os dois lados desta questão socioambiental urbana e usarmos nossas inteligências múltiplas: As bicicletas e motos, são percebidas e vistas como veículos oficiais, com placas, impostos, fiscalização e regras de circulação segura? Ricos e pobres as usam em iguais condições e acessórios? Usam para lazer, esporte ou para deslocar-se ao trabalho? Cobra-se direitos para consumí-la ou para dela se deslocarem??...

Pois é, ai que mora um dos nós da questão. Sem políticas públicas que, ao analisarem viabilidades de propostas e projetos, normas e responsabilidades, de fato incluam-nas ( e seus proprietários) no sistema de transportes, caso contrário, nunca serão oficiais, assim nunca serão aceitas também...[usando um raciocínio capitalista]

Acredito que as bicicletas são como os camelôs, na atual sociedade, como estão muito fora do sitema, são alternativas demais, que acabam marginalizadas por elas mesmas, uma vez que não cumprem (na maioria) as regras dos demais veículos...

Outro ponto é o custo social disto! São acessíveis, ecológicas (não poluem), mas não são seguras no atual modelo de uso e apropriação das vias de trânsito urbano pelos carros. O usuário de bicicletas e motos é o mais exposto ao risco de morte nas cidades, em comparação ao mesmo uso no meio rural e litorâneo, onde o estilo de vida menos agitado e menor número de veículos e pessoas nas vias, permite uma situação mais segura e saudável, guardando as devidas proporções e casos...Investimos nesta educação e conscientização?

Quanto a cobrança por ciclofaixas e ciclovias ou motofaixas...percebe-se na Capital que é um sonho, mas não é analisado por viabilidades sociais, apenas ambientais e isto pode ser um erro!

Pois, socialmente o custo-benefício ainda nos mostra que os transportes alternativos não conseguem suprir o volume de usuários das metrópoles, reforçando que são apenas alternativas, mas não a solução, que são visivelmente os transportes coletivos de massa, como os trens e metrôs a melhor saída para as grandes cidades conurbadas...

Vimos e ainda não aprendemos, que modelos importados, como corredores de ônibus e ciclovias funcionam em cidades com menor densidade populacional e topografias mais planas...Logo, copiarmos modelos sem refletirmos na sociedade local, estaremos sempre cometendo equívocos!

Mas valem muito as ações propositivas e críticas neste debate aberto, pois sem dúvida as bicicletas são um recurso saudável, que pode potencializar pequenas distâncias seguras, em determinadas regiões e ainda mais para lazer e em raros casos para o trabalho, no caso das grandes cidades como São Paulo, é baixa a viabilidade e segurança, sem que mudemos a matriz de transporte urbano.

Existem coletivos de arte-educadores e ciclistas no Rio de Janeiro que até provocam a refletirmos com projetos e intervenções, quando sugerem ciclovias aéreas, como elevados (minhocões) só para bicicletas...uma viagem, um devaneio, mas que nos põem a pensarmos que a escolha por carros nos levou a inviabilizarmos outras escolhas...bicicletas ainda não voam...!

Para finalizar este artigo, mas não fechar o debate, vale lembrar também que a grande questão ecológica que estamos vivendo, tem sua origem no excesso populacional, que nos fez pragas de nossa própria existência! O planejamento urbano, familiar, educacional, político e econômico são as ferramentas mestras para sairmos desta fase de crise planetária e urbana!
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Foto: Octávio Weber Neto/Bicicleta banner SESC, na ação do Dia Sem Carro (set/2008).

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